sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Frases(s) pinçada(s) - 4

Essa Dora Kramer é minha ídala (?!)


"Espelho

Falando aos catadores de lixo, o presidente Lula disse que a elite discrimina as pessoas por suas profissões.

Muita gente faz isso. Inclusive presidentes da República que elevam o presidente do Senado à condição de "pessoa "incomum"."

De ficarmos boquipasmos

 

 

Da coluna de Dora Kramer de ontem n'O Estado de São Paulo.

NB: Outro neologismo meu, boquipasmo, auto definível. Mas reparem, Dora Kramer usa o termo "boquiabrir" provavelmente derivado da mesma raiz que a minha palavra inventada. Nosso "quaserrei" é bárbaro, literalmente.

 

"Elogio ao escapismo




Da constatação do presidente Luiz Inácio da Silva de que "não é fácil" acabar "rapidamente" com a violência no Rio, ou em qualquer parte do planeta, não se pode discordar. Inclusive porque é impossível, mesmo vagarosamente, banir o crime do mundo.

Só não é possível se conformar que autoridades públicas se limitem a constatar obviedades e depois mudem de assunto sem se sentirem minimamente na obrigação de dizer como e quando pretendem cumprir o dever constitucional de zelar pela segurança do cidadão.

Muito menos é possível aceitar que fujam de suas responsabilidades com discursos de puro escapismo à falta de elementos para estabelecer um diálogo sério com a sociedade, em particular com aqueles que vivem em áreas conflagradas sob ameaça diária da ação do banditismo e do desnorteio do Estado.

O uso do plural justifica-se porque tal conduta não é apenas do atual presidente, mas é ele o responsável no momento.

De alguém há sete anos no comando da Nação é de boquiabrir escutar que "a presença do narcotráfico tirou o romantismo das favelas cariocas, locais sempre citados por sua ligação com o samba".

Em que mundo vive o presidente da República, cujo maior atributo é sua comprovada identificação popular, sua proclamada capacidade de compreender as aflições dos desvalidos?

"Hoje, o narcotráfico é uma realidade e, com ele, não tem poema", acrescentou, parecendo não compreender que tal conceituação poética há muito deixou de fazer parte daquele cotidiano.

Evidentemente o presidente Lula sabe disso. O que não sabe é o que dizer e o que fazer diante disso. Por isso, diz o que lhe vem à cabeça e que lhe pareça mais apropriado para falar sem se comprometer com uma questão em tudo e por tudo pertencente à sua alçada, atinente à sua condição de condutor dos processos de mudanças aos quais, diga-se, prometeu fazer frente na campanha eleitoral e depois repetiu nos discursos das duas posses.

É bem verdade que, em ambas as ocasiões, passou quase ao largo do tema para quem sucedia um governo que havia fracassado assumida e fragorosamente no atendimento a uma das maiores angústias dos brasileiros.

Disse Lula em janeiro de 2003: "Crimes hediondos, massacres e linchamentos crisparam o País e fizeram do cotidiano, sobretudo nas grandes cidades, uma experiência próxima da guerra de todos contra todos. Por isso, inicio este mandato com a firme decisão de colocar o governo federal em parceria com os Estados, a serviço de uma política de segurança pública muito mais vigorosa e eficiente."

Disse Lula em janeiro de 2007: "Sinto que, em matéria de segurança pública - um verdadeiro flagelo nacional - crescem as condições para uma efetiva colaboração entre a União e os Estados da Federação, sem a qual será muito difícil resolver esse crucial problema."

E, sobre isso, das frases de efeito não passou, a despeito das inúmeras vezes em que celebrou o trabalho da Polícia Federal no combate ao "crime organizado" para fins de autoexaltação."

PS (meu): Boquipasmo eu uso assim mesmo, boquipasmo, quando fico de boca aberta e sem palavras, Aurélio e Houaiss, se cuidem, esse é um jacquismo de alguns anos.
Já que a língua é uma entidade aberta, porque não?

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

O par perfeito




Eu nem iria comentar nada sobre o assunto já que, em sí, é um assunto banal. Mesmo assim, lembrei-me que neste mês de Outubro completo sete anos do meu lento aprendizado do golf.

Não vou esmiuçar aqui as nuances que envolvem esse jogo tão complicado que necessita uma capacidade que está acima da maioria de nós, eu incluído, para entender as regras.

No fim basta saber o que é um par. Um par três significa um buraco que é feito em três tacadas, sendo uma do "tee" (onde se coloca a bola para iniciar o buraco), que, em princípio, deve ir direto ao "green", que é a área plana onde se encontra o buraco . Daí,  usa-se um taco, chamado "putter", que leva a bola, rolando pelo chão, até as proximidades do buraco, "hole", e a terceira é a que tem de ser embocada. Daí o nome  "par três". Analogamente temos os buracos de par quatro e par cinco que seguem o mesmo raciocínio, Ou seja duas ou três tacadas até o "green" e mais dois "putters" (sempre). É assim que os campos de golfe são projetados. Basta de teoria. Um campo tem 18 buracos e de 70 a 72 tacadas de "par".

Pois, depois de sete anos, eu ainda não domino o esporte da bolinha parada. É coisa para gente muita concentrada (que sou), muito de obsessão e de compulsão, quase um TOC, em busca do "swing" perfeito e da tacada perfeita. Some-se ainda que pode-se levar na taqueira um máximo de 14 tacos e isso basta para pirar a cabeça de qualquer ser normal, que não sou...

Depois ainda há, a transmissão de jogos de golfe que nos deixa complexados. Já temos até um jogador, Tiger Woods, que tornou-se bilionário (em dólares), e que com fratura de estresse e um joelho bichado ainda ganhou um par de torneios o ano passado. Passou por cirurgia, reabilitação e ainda ganhou uma meia dúzia de torneios esse ano, inclusive a Copa Fedex, coisa de 10 milhões de dólares, pouca coisa.

Pois esses profissionais são daquele time de duzentos ou trezentas pessoas que se destacam, em todo mundo, por suas jogadas (e ganhos) sensacionais.

Encerrados os prolegômenos, passemos aos entretantos.

Pois, depois de sete anos de meu distúrbio com temperos de TOC, eu consegui fazer um par perfeito.
Foi num buraco de par quatro. Vou ao ponto para ser sucinto.

Bola no "tee", um driver de 200 e poucas jardas (é, jarda=~91cm.), distância pouca que eu não dei uma tacada decente. Para conferir, quase dois quarteirões de distância e eu não estava feliz....

O diabo é que a bola ficou atrás de uma árvore, uma "pata de vaca"  de seus 10m. de altura e minha bola a umas 15 jardas. No golfe, e na vida é assim, águas passadas não movem moinhos. Pego um "híbrido 5", finjo que a árvore não existe e dou a segunda tacada. Perfeita, lá estou eu de novo no trilho a 80 jardas da bandeira (buraco, como queiram).

Pego um terceiro taco, um "pitch", miro na bandeira e descarrego sem dó na bolinha todo o meu conhecimento (falta de) e vejo a bola subir feito um foguete e cair, elegantemente, a um pé do buraco (pé=~30cm.).

Aí, sem pressa, que essa foi a única tacada fácil, tão fácil que, todos nós, já colocamos para fora dessa distância, eu, qual numa junta médica  (que não sou), avento todas as mais impossíveis hipóteses de como não errar esse mísero pé fatal e, chegada a hora, eu pego o quarto taco, o "putter" e coloco a bola  no buraco.

Depois de 7 anos eu dei uma série de quatro tacadas dignas de serem filmadas, parece pouco mas não é, ao menos para mim.

Nesse dia eu fui dormir mais feliz, sete anos...

Dá-lhe Camões!

         Sete anos de pastor Jacó servia  
         Labão, pai de Raquel, serrana bela,
         Mas não servia ao pai, servia a ela,
         E a ela só por prêmio pretendia.


Pensou?





Agora, a foto aí em cima é de um torneio que eu participei em Fevereiro desse ano e foi o mais perto que eu já cheguei de um "hole in one", que é a tacada em que você, do "tee", emboca a bola, num par três (ou quatro, essa eu já ouvi falar, mas nunca ao vivo), direto. mas isso já é uma longa história. Apenas reparem que estava chovendo e o buraco que a bola fez ao cair a umas 180 e tantas jardas (uma "madeira 5") e, caprichosamente rolou até a borda do buraco. Coisa de "nuts", ou, como diria o nosso amigo e humorista,  Jô Soares, "chose de loque".

domingo, 25 de outubro de 2009

Frase(s) pinçada(s) - 3

"Lula é o nadador que não pode parar de nadar, o ciclista que não pode parar de pedalar, o equilibrista que corre de uma vareta a outra para não deixar o prato cair. Ele não pode se dar ao luxo de parar de falar. Daí que corra o risco permanente de dar bom-dia a cavalo. Um exemplo foi a frase confusa sobre Jesus Cristo e Judas. Eu entendo que o presidente disse o seguinte: no Brasil, não tem como o governante deixar de fazer aliança com adversários, para garantir apoio político. Mas Lula preferiu fazer uma graça. Deu um drible a mais. E caiu do cavalo."

Publicado hoje no Blog do Alon
por Alon Feuerwerker

Frase(s) pinçada(s) - 2

Do Notas e Informações do Estado de  São Paulo de hoje:

"A democracia brasileira é muito restritiva para o presidente Lula. Ele poderia fazer muito mais pelo País, se não fosse tolhido em suas intenções, sempre boas, pelos entraves institucionais. Esta é a tradução precisa de seus insistentes ataques ao Tribunal de Contas da União (TCU) e aos demais órgãos fiscalizadores que ocasionalmente atravessam seu caminho. "O Brasil está travado", disse o presidente ao discursar, sexta-feira, na cerimônia de posse do novo advogado-geral da União, Luiz Inácio Adams. "Não é fácil governar", queixou-se, "com a poderosa máquina de fiscalização e a pequena máquina de execução." Mas a máquina de execução não é tão pequena assim. Isto é evidente para quem acompanha o crescente inchaço dos quadros do Executivo e de sua folha de salários. Não é pequena, mas é cada vez mais ineficiente, por causa dos critérios impostos pelo grupo governante à administração federal.

(...)

(...) O presidente Luiz Inácio Lula da Silva não admite nenhuma responsabilidade pelos obstáculos enfrentados na realização de projetos. A culpa é sempre dos outros e a ocorrência de problemas é facilitada por um sistema institucional disforme. De acordo com a sua descrição, neste país estranho "uma pessoa de quarto escalão resolve e tem mais poder que o presidente da República". A frase é muito importante, porque denuncia, com perfeita clareza, a forma como o presidente Lula percebe o mundo da administração e das normas. O importante, para ele, é o status do agente, não o valor da regra. Por esse critério, um guarda de trânsito não deveria ter poder para multar uma autoridade mais alta. Mas esse critério parece funcionar adequadamente em algumas circunstâncias. Afinal, o presidente da República esteve entre os primeiros contribuintes beneficiados com a restituição do Imposto de Renda pago a mais. Como acreditar em casualidade?


No mesmo discurso Lula voltou a defender suas viagens, para "acompanhar obras" - como se isso fosse função presidencial. "Quem engorda o porco é o olho do dono", argumentou, errando a citação. O animal do provérbio é o boi, mas isso não é o mais importante. Ele respondia nesse momento a quem o criticou por fazer comícios eleitorais às margens do São Francisco. "Não tem problema viajar para fiscalizar", comentou depois o presidente do STF, ministro Gilmar Mendes. "O problema", acrescentou, " é fazer campanha." "
 
PS: Logo ao iniciar essa séria série (difícil deixar de escrever uma ironia com saber/sabor de trocaletra) de frases pinçadas, tenho plena consciência de que um artigo inteiro está num contexto mais amplo e portanto mais fluente e causal. Não quero no entanto, não faz parte do meu escopo publicar os artigos na íntegra.

Aliás se não leram, ou não tiveram acesso , leiam o artigo do Mauro Chaves no mesmo jornal O Estado de São Paulo, de ontem. Parodiando a (boa) propaganda: - "Não tem preço!"

PS2: Ainda vou pensar sobre o assunto, mas, acho. que ao título dessa(s)  frase(s) pinçada(s) poder-se-ia (ainda não esqueci da mesóclise!) acrescer o título ou subtítulo "O Rei está Nu", quando o objeto das ditas frases forem o nosso "quaserrei" (neologismo meu).

sábado, 24 de outubro de 2009

Frase(s) pinçada(s)

Não sei onde li, mas o que li é pura verdade.

Quando lemos um jornal é porque nos identificamos com a sua linha editorial. De uma maneira geral, se levarmos em conta esse mundão afora, os jornais brasileiros, de circulação nacional, se destacam pela excelente qualidade de seus noticiários, tanto no que tange as às noticias locais quanto ãs internacionais.

Já li muito jornal para saber de notícias daqui do Brasil quando estou fora, e posso atestar, que a grande maioria, só dá notícias regionais, deles, é claro.

Apesar disso eu leio o jornal, quer na forma impressa, quer no antigo e potencialmente atrasado papel, quanto nas suas formas eletrônicas, internet, para ser claro,  me informar e formar opinião.

Mas o problema é que leio os comentários daqueles que se identificam com o que penso. Portanto, ao repetir frase(s) sinto que o mundo ainda tem jeito, ao menos aqueles alfabetizados podem ler críticas que são construtivas, pena que os "politikos" tem ojeriza a ler jornais, jornalistas atrapalham et cetera et caterva.

No entanto coloco aqui a(s) minha(s)  frase(s) pinçada(s) no intuito de colocar em letra de forma, aquilo que li, em letra de forma, maneira de me desabafar, daquilo que me agride.

Do jornal O Estado de São Paulo, coluna da Dora Kramer:

"Não bate de frente com ninguém que possa vir a lhe ser útil amanhã, não enfrenta questões polêmicas, não compra brigas difíceis nem aceita disputa com igualdade de condições, só entra em conflitos protegido por escudos e, sobretudo, não confronta paradigmas."

Comentário meu:

Pena que ele não leia jornais e nem respeite o próximo (nós).

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Questão de vida ou morte!

Terça à noite fomos à Sala São Paulo, concerto da Cultura Artística, que ardeu no ano passado e só sobrou o painel do Di Cavalcanti, para um concerto do magnífico Arcadi Volodos.  Sem querer entrar no assunto, o melhor pianista que eu já vi ao vivo. Dono de uma técnica e de uma sensibilidade apuradíssima.

Ficamos ali, embevecidos, e ainda ouvimos trés bis além do programa (extenso e) denso. Um "happening"!

Saímos todos flutuando rumo às nossas casas. Caso haja oportunidade de vê-lo ou de escutar um CD, não percam.

Mas, voltando à vaca gelada, no intervalo eu dei uma ligadinha protocolar no celular já que tenho pais e sogros idosos e cautela  é fundamental, se é que me entendem. Um olho no gato o outro no peixe. Ficamos sempre de sobreaviso.

Ao ligar o meu celular, vem os inevitáveis e-mails, sempre eles. E pelo jeito a coisa era grave, muito grave, transcrevo abaixo:

 " Boa Tarde!

   Estou precisando de umas medidas para executar o técnico da cozinha,
   preciso da marca e modelo de seu micro ondas e do fogão.
   Aguardo um breve retorno,

F. "


A situação era gravíssima! Alguém ia morrer! Céus!

Iam executar o técnico da cozinha! E eu, ia ficar sem a cozinha (a da reforma, bem entendido).

Pensei em dar uma de imperador romano, sei lá. Dedo para cima, ele sobreviveria, dedos para baixo e os leões o comeriam. Coitado do técnico.

Esperando não ser muito tarde, batuquei minha resposta:

"Não mate o técnico! Ele não fez nada ainda...


Amanha eu ligo e vamos comutar essa pena de morte.

J."


Repito o meu erro do amanha sem amanhã, digo do til sem til, ou, quero dizer, vice-versa, devemos notar que era uma questão de vida ou morte...

Dormi meio preocupado mas, vá lá, pensei comigo, se mandaram o e-mail é que ainda não executaram o técnico. Ele aguentaria até ontem de manhã.

Pontualmente às 10 horas eu liguei para saber as medidas do dito fogão. Minutos depois eu batucava a resposta:

"F.,

Pelo menos as medidas do fogão.
 

Fogão de Embutir  Modelo C 5B branco
Medidas do fogão: LxAxP 800x670x717mm
Medidas do nicho; LxAxP 768x610x597mm

Qualquer dúvida, por favor fale com F. (outra) da firma X. no telefone tal e tal

Pode tirar o condenado do corredor da morte.

Quanto às medidas do forno de micro-ondas, depende da sua modulação, não vamos estragar o seu técnico (projeto),
Por favor me dê uma estimativa de dimensões, que você precisa ou que esteja disponível, que nós daremos um jeito.

Bom dia,

J.

PS: Não dava para perder a piada..."


E dava?

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Zuzubem?

Hoje seria (e é) a vez do relógio abaixo mencionado.

Dá para ver muitas coisas, entre elas a minha foto (já que fui eu mesmo que tirei), se repararem no reflexo do vidro, poderão divisar a minha silhueta.

Mas, alguém que perceba bem as coisas, verá que o relógio anda no sentido anti-horário. E porque? E porque não? Eu sempre me perguntei, por que seria que os relógios rodam num sentido e não no outro.

Convenções? Ora as convenções, para que servem? Para serem transgredidas (dentro da lei, "of course!").

Esse não é o meu primeiro relógio "peculiar". Já tive um outro que sumiu numa mudança mas que eu, tenho certeza, na próxima arrumação eu vou achá-lo todo "pimpão". Sem pilha, combalido, mas pronto para funcionar no mesmo sentido anti-horário, pronto para marcar o tempo que, inexorável, segue o seu curso.

Coisas de "Benjamin Button" onde se vê claramente que o princípio e o fim igualam-se, começamos dependentes e assim, da mesma forma seguimos nossos destinos, rumo a um fim que também não é nada brilhante.

Daí meu capricho com os relógios. Já que não uso nenhuma joia, capricho nos relógios. Não os caros, que não quero ser vítima de furtos, ao menos se me levarem o meu, o prejuízo é apenas simbólico, afora as inconveniências emocionais.

Mas gosto assim, de achados curiosos, excentricidades, peças não convencionais. Adoro os mecânicos, a corda, automáticos e quejandos.

Aliás, para ser claro, a grande maioria dos relógios a quartzo, vem de meia dúzia de (grandes) fábricas, que as vendem a preços bem variados, a última noticia que tive era coisa de US$ 0,12 a US$ 12,00, sendo que a diferença entre eles advinha, exclusivamente, do fato dos mais caros serem testados e os mais baratos eram apenas checados.  Traduzindo, um relógio de alguns milhares de dólares tem exatamente a mesma máquina de seus irmãos mais comedidos (no sentido pecuniário). E a precisão? A mesma. Coisa de alguns poucos segundos ao ano.

Já os mecânicos, acima mencionados, por melhor que seja a manufatura, são centenas de vezes menos precisos, isso mesmo, podem variar alguns segundos por dia... Independentemente do preço.

São, em todo caso, manufaturados, feitos a mão, ainda que as peças sejam feitas a máquina. No entanto, agregam valor humano e beleza ao pulso, à parede, à mesa e onde possam mais serem expostos.

Em todo caso, o caro relógio que você vê no gajo ao seu lado, acredite, tem absolutamente a mesma máquina do meu e dos nossos que são tão ou mais precisos e custam dezenas (centenas?) de vezes menos.

Quem nasce para Timex não chega a Rolex...

A única exceção que vi, o ex-presidente Clinton, que portava o tempo todo o seu Timex ainda que, eventualmente, tivesse outros mais "griffados". Ele podia ter lá os seus deslizes, mas, era coerente no que tange ao seu horário.


E voltando ao início desse post, hoje foi mesmo o dia do relógio mas, amanhã, talvez, eu tenho uma estória, eu prefiro o termo história, já que o primeiro não existia quando me alfabetizei, sabe-se lá a diferença (já me explicaram mas eu não me convenci), que é simplesmente sensacional. Omitirei os nomes mas os fatos são absolutamente reais, daí eu preferir "história".

terça-feira, 20 de outubro de 2009

O que é uma traquitana?


Resposta rápida. Uma traquitanagem.

Ainda assim não se esclarece. Essa brincadeira eu fiz ontem à noite em casa e ainda demos boas risadas sobre o fato, ou melhor, como se verá, os fatos.

Tudo começou há uns três meses atrás. Resolvemos dar uma reformada no nosso apartamento. E, como, gato escaldado tem medo de água fria, também resolvemos alugar um apêzinho mobiliado, para facilitar as coisas.

A quebradeira ia ser muito grande e não haveria nenhum lugar para ficarmos em casa, coisinha básica, demolir umas paredes e redistribuir o layout e refazer tudo de novo. Muito mais fácil falar do que fazer.

Aqui começa o périplo.

Primeiro, como viemos a saber imediatamente a seguir, nem todo apartamento decorado é mobiliado e, corolário, nem todo apartamento mobiliado, é decorado.

Optamos por uma apartamento pequeno, honesto, mobiliado (não decorado), perto da onde queríamos, tudo certo. Aí, antes de entrar, minha mulher pegou toda a louça, todos equipamentos, enfeites e o que não era exatamente necessário (a mobília?!), e enfurnou tudo. Aí trouxemos tudo de novo o que guardamos e pronto, lar doce lar...

Quase.

A televisão, mais para balzaquiana do que para adolescente rebelde, não tinha som, o que seria fácil, já que o sintonizador da NET que ficaram de colocar numa sexta (esqueceram de avisar qual sexta-feira, óbvio!) estava desligado. Aí começa a traquitana...

Lá vou eu e ligo o meu sintonizador da NET que havia trazido debaixo do braço e "voilà", por obra do destino, aparece o sinal da NET. Tudo certo, a menos da vetusta TV que não dava um pio, ficamos sem saber se era muda de nascença ou por causa da idade.

No fim dá no mesmo.

Problema de fácil resolução, vim ao escritório e (me) emprestei um par de caixinhas dessas de "25 real".

Só que a dita cuja tinha plug P2 macho. Agora começa a traquitana. Arrumei uma chave para "intermediar" de um lado o sintonizador da NET (ainda no limbo, funcionando mas "não ligado"), de outro um tocador de DVD, todos com saída RCA.

Fácil, compra outra traquitana,cabos com plugues RCA macho , chave do outro. Saída? Outra traquitana, cabo RCA com ponta P2 fêmea. Pronto, tudo funcionando (quase).

Ontem resolvi colocar na terceira entrada, afinal só havia traquitana de três posições de entrada, o meu iPod, já que gravei uns belos concertos na BBC 3, Proms 2009, um festival de verão em Londres de dois meses, música clássica da melhor qualidade.

Perfeito, um liga a NET (a NET veio depois de duas promessas e uma saudade), a outra o DVD de lei, um Philips que comprei na bacia das almas e que consegui destravar para qualquer região, num site onde basta escolher o modelo e onde consegue-se a receita da "dança da chuva", onde são guardados os segredos de polichinelo que zelosamente as companhias resguardam de nós, os terríveis consumidores, segredinhos sórdidos...

Portanto aí vem a terceira traquitana. Cabo RCA com ponta P2 macho...

-Não vendem RCA numa ponta e P2 macho na outra? perguntei inocentemente ao meu fornecedor.

-Não, responde-me ele, educadamente, mas basta o Sr. comprar um cabo com duas pontas P2 macho, viu como é fácil?

Aí ví onde nasce a traquitana, vende-se um aparelho para três aparelhos, cada um com uma traquitana que, por sua vez, engata-se numa outra traquitana.

Tudo isso vira um ninho de ratos respeitável. É fio para todo lado. Os mais possíveis e os mais impossíveis, fios de todas as cores e tamanhos diferentes. Nada que uma trigonometria espacial, tridimensional, não resolva.

Agora temos que contar com a sorte e com as incursôes felinas para que a traquitana funcione. Aliás, já por uma vez, uma das minhas felinas já apareceu com um fio (ponta P2 macho) entre os dentes e quinze minutos depois já estava tudo funcionado...

Nada como uma traquitana bem montada.

E o relógio?

Essa já é uma outra traquitana...

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Por que não escrevo mais no "De Ópera e de Lagartos..."

Tudo a seu tempo.

De trás para a frente.

Depois de me dedicar por alguns aninhos, poucos na verdade, a escrever resenhas sobre óperas que, periodicamente vão ao ar na Radio Cultura FM de São Paulo, comecei a me dar conta que meus conhecimentos sobre o assunto, embora não desprezíveis, eram baseados em literatura própria (comprada) ou de terceiros, de toda forma, já publicados. Não há como inovar, a ópera segue aos mesmos ditames de um desenho animado. É um texto, cantado e encenado onde não há lugar para as improvisações. E, por incrível que pareça, acontecem um número enorme de imprevistos que tem de ser "sublimados" tanto pelos executantes quanto pela plateia (nem sempre bem educada).


Aos poucos fui formando uma opinião a esse respeito. Ao lado de uns poucos comentários e de observações próprias, eu me vi repetindo o óbvio. Há tantas fontes espalhadas pela Internet, nas Bibliotecas e nas Livrarias, que fica a impressão de que só estamos repetindo aquilo que já foi escrito. Até porque nos baseamos no que está escrito.


Ora, não sou crítico de arte, apenas um amante da boa música. Nunca pretendi reescrever o que já, por aqui, anda escrito.


No entanto, por duas vezes senti o quão difícil é respeitar o texto fonte, a ideia e, ao mesmo tempo, inovar.


Uma das vezes, um leitor das minhas sinopses reclamou que o texto era dele. Ora, o texto apareceu em sua grande parte, no site do Metropolitan Opera de New York, sem nenhum crédito pessoal. Eu, apesar disso, coloquei a fonte no rodapé do texto. Fica difícil contrapor um texto não identificado a uma informação de uma pessoa que "reconheceu como seu" o texto apresentado. Respondi, nos comentários, que "Fulano de Tal" reclamava a autoria do texto. Whatever...


Essa não me convenceu muito, mas vamos lá... Não sou o dono das sinopses, essa a verdade.


A segunda intervenção, essa sim muito inteligente, não tive como responder.


Falava eu, às tantas das obras "brasileiras" de
Golttschalk, nominadamente a "Grande Fantasia Triunfal com Variações sobre o Hino Nacional Brasileiro", uma das mais lindas obras que conheço sobre o nosso Hino Nacional, quem não conhece essa peça deve ouvi-la, contrito e emocionado, uma grande peça escrito por um compositor estrangeiro sobre um tema que nos é muito caro e conhecido.


Após uma boa dose de pesquisa, lá fui eu colocar as minhas observações sobre o compositor e de sua música. Não estou bem lembrado dos fatos, mas, às tantas, eu falava da fase que ele passou no Brasil e de como se encantou por tudo que por aqui viu.

Após uns meses, uma pesquisadora norte-americana, muito educada, em português, me fez ver que havia um engano na biografia que eu havia garimpado. Embora eu esteja certo que ela tinha razão, já que tinha trabalhos publicados e bibliografia farta, isso me deixou desmotivado.


Não foi e nem é minha intenção criar uma obra de referência sobre a música clássica, em particular na área operística. Não aspiro esse lugar que não é meu.


Sou mais um ouvinte atento e um aprendiz aplicado.


Sou persistente mas cônscio das minhas limitações. Uma delas, escrever sobre um único e determinado assunto, engessa o pensamento. Acabei cansando...


Ainda voltando as cartas "convencionais", logo depois que postei meu primeiro zé-meio, a que não é um e-mail e nem uma carta, me lembrei da farta documentação deixada pelas cartas de Clara Schumman e Johannes Brahms, mas isso fica para uma próxima ocasião...


Aqui estou desengessado e a vontade para falar das coisas que quero e acho que merecem mais do que apenas dez segundos de atenção e que, a seguir, sofrem o processo do envio rápido e mecânico ao lixo eletrônico (até por que, no caso, esse privilégio é só meu).


Talvez aqui eu esteja reeditando o meu desejo de falar sobre as coisas do cotidiano, que tentei começar lá em meu outro blog, "De Óperas e de La
gartos..." e que minguaram pelo fato de haver tanto trabalho de pesquisa. E haja assunto!!!

domingo, 18 de outubro de 2009

Zé Meio é o e-mail!

Nesses dias de correio rápido o e-mail é o mais rápido meio de comunicação e, também, possivelmente de desinformação. Banal, em todo caso.
Já o correio normal, também tem nome em inglês, o snail-mail, ou seja, correio lento. Lento mas que deixa uma história, ou estória (como querem alguns).
Assim, já se desvendaram como os grandes compositores de música clássica pensavam, como , por exemplo, Mozart, Beethoven, Verdi e outras sumidades, Outras histórias e/ou estórias se contam pela correspondência trocada, exemplos não faltam. Há os totalmente inexpressivos (grande maioria) que nos servem nas nossas anônimas vidas, a destinatários, também anônimos, a quem queremos contar um pouco do nosso diaadia, será que na nova ortografia é assim que se escreve? Melhor grafar como dia-a-dia, esse sim, me parece mais coerente.
Portanto um blog, para e-mails, destinado a assuntos variados, a pessoas reais ou irreais, ou ainda surreais, que tal, ou, seriam que tais?
Portanto Zé Meio se apresenta, casualmente hoje, de Buenos Aires, onde vim passar uns dias, que ninguém é de ferro.
Muito prazer!